Quando pensamos no carro do futuro, as verdadeiras surpresas estão além das suposições mais comuns. Carros que poluem e que consomem menos são exigidos pelas transformações em curso, mas sabemos que a tecnologia reserva muito mais para o setor automotivo.

Os impactos alcançam, inclusive, a forma como os indivíduos utilizam e percebem o carro. Será preciso possuir um carro próprio? Ou seria suficiente usar o carro como um serviço? Que tal compartilhar ou alugar?

Para o mercado, as tendências chegam modificando tanto a gestão do modelo de negócio das concessionárias quanto a produção e distribuição da própria indústria. Sem esquecer da profunda mudança na relação com o cliente.

É certo que as tendências do segmento automotivo já não estão limitadas ao território das especulações e achismos. Para dar respaldo a elas são feitos estudos, entrevistas, analisadas publicações e participações de grandes players em fóruns e eventos todos os anos.

Analisamos todos esses dados e chegamos às quatro principais tendências que influenciarão o modelo de carro do futuro. Continue lendo este post e descubra como elas se relacionam ao diversos setores do mercado de automóveis!

Sem tempo para ler o post completo? Comece pelo vídeo:

1. Eletrificação

A esta altura, já percebemos que os carros elétricos chegaram para ficar. Segundo os relatórios da International Energy Agency (IEA), em 2017  foi registrado, no mundo, um aumento de 56% desses veículos em relação ao ano anterior.

Mas não significa uma simples substituição dos modelos com motor à combustão por outra alternativa única. Também existem possibilidades diferentes, como o desenvolvimento de carros movidos a gás hidrogênio, por exemplo.

Nesse caso o Brasil teria vantagens, já que produz etanol e o álcool pode ser convertido em hidrogênio no interior do veículo, por aquecimento e bombeamento para um reator, que é o início do processo de geração do gás.

No entanto, o que confirma ainda mais a tendência da eletrificação é a maior preocupação das empresas com a responsabilidade social na produção de automóveis e a tentativa do mercado de lidar com um problema crucial dos grandes centros urbanos: a poluição vinda do fluxo concentrado de veículos.

Carros elétricos poluem menos e a fabricação desses modelos têm aumentado. As concessionárias devem estar atentas a essa demanda, que tem se mostrado contínua e gradual. Algumas marcas, como Renault e Chevrolet, já anunciaram o início das vendas de carros elétricos no Brasil ainda em 2019.

Ou seja, não há como imaginar o futuro sem carros com motores de propulsão elétrica. As possibilidades, por enquanto, dividem-se em:

  • automóveis com sistemas parcialmente elétricos;
  • automóveis com sistemas inteiramente elétricos;
  • automóveis híbridos auto-recarregáveis;
  • automóveis com bateria de combustível.

É essencial que as concessionárias estejam atentas às necessidades que se impõem para esses veículos. Que tipo de público os procura? Como chegar a ele?

Além disso, há outros fatores que devem influenciar a eletrificação nos próximos anos. Veja abaixo:

a) Testes com carros elétricos

Outro ponto a favor da exploração dessa tecnologia é o relato de experiências com carros elétricos sendo testados de forma prolongada em estradas da Europa. Roadtrips são promovidas por diversas empresas cujo objetivo é disseminar a cultura dos elétricos entre a população.

Iniciativas assim não só ajudam a reforçar a tendência, como contribuem para a evolução da eletrificação em veículos, alcançando respostas para limitações e gerando insights no sentido do aperfeiçoamento.

b) Carros elétricos feitos em impressora 3D

Outro fator que deve contribuir com a eletrificação, principalmente para a indústria, é o uso das impressoras 3D na fabricação.

Já existem modelos sendo produzidos assim. O modelo elétrico LSEV, sigla para Low-Speed Eletric Vehicle, produzido em parceria com a empresa italiana X Eletrical Vehicle (XEV), leva cerca de três dias para ser fabricado, é mais leve e menos poluente.

Poderíamos duvidar da resistência de um carro cuja carroceria seja feita em impressora 3D, mas as peças são impressas por camadas e formam uma material resistente.

Outra novidade que vai ao encontro do perfil atual do consumidor é a proposta da XEV para personalização do design do veículo, que pode ser feita pelo próprio cliente. A empresa também disponibilizou um código aberto para designers criarem seus próprios modelos a partir do modelo padrão.

c) Limitações dos modelos elétricos

Entre tantos fatores que podem impulsionar a eletrificação, dois ainda podem trabalhar contra, principalmente no Brasil: preço e infraestrutura.

As metas de redução na emissão de gases nocivos são cada vez mais urgentes, no entanto a tecnologia para desenvolver motores menos poluentes eleva o preço do carro.

Custar caro é, por si, um inibidor do interesse pelos veículos elétricos. Outros impedimentos são: autonomia ainda limitada dos veículos, tempo de abastecimento e infraestrutura da região.

Quando se fala da estrutura, a ideia é que rodovias e cidades sejam espaços receptíveis para o automóvel elétrico, com eletropostos em grande oferta. Esperar pelo futuro das estradas que recarreguem os veículos por indução pode ser desanimador para países como o Brasil, um principiante no acolhimento da tecnologia.

carro do futuro

2. Mudanças no conceito de mobilidade

Não é novidade que a poluição é um grande desafio das grandes cidades, e o congestionamento no tráfego piora bastante o problema.

O fluxo lento de carros faz da poluição, que também é sonora, um transtorno localizado. O excesso de veículos contendo um único indivíduo ao volante significa desperdício de espaço e energia. No entanto, esse comportamento de 1 carro = 1 indivíduo é algo conceitual, faz parte de como as pessoas vêem o carro, que é como uma propriedade privada.

Se possuir um veículo custa caro, o melhor é aproveitá-lo plenamente, certo? É dessa reflexão nascem os novos conceitos de mobilidade. Aliada às reflexões sobre sustentabilidade e ao surgimento do conceito de economia compartilhada, essa tendência tem ganhado força.

Ela  aponta que a visão das pessoas sobre o carro está mudando, e que a atuação das concessionárias de veículos também deve mudar.

a) Subdivisão do conceito de mobilidade

Reconhecer os novos padrões de mobilidade é pré-requisito para descobrir as oportunidades de negócio e direcionar os esforços na direção certa. Veja como subdivide-se a mobilidade hoje:

  • mobilidade individual: extenso uso de um carro sem propriedade;
  • mobilidade compartilhada: uso eventual de um carro sem propriedade;
  • mobilidade com propriedade: indivíduos possuidores de veículos.

O último ponto reflete a vertente que mais tem perdido força (e que existe hoje). Carros com proprietários têm sido substituídos pelos serviços de transporte por aplicativos, como Uber e 99pop.

Ao mesmo tempo que uma visão perde força, abrem-se espaços para a entrada de novos players no mercado, que tendem a oferecer a mobilidade individual ou compartilhada. Algumas marcas, como BMW, já oferecem esse serviço fora do Brasil.

3. Internet das coisas

Os consumidores estão a maior parte do tempo conectados à internet, portanto é natural que eles desejem a expansão da conectividade envolvendo os objetos à sua volta, incluindo o próprio carro, que passa a ser o prolongamento de algum ambiente.

A tendência aponta que o caminho para lidar com essa necessidade é a integração dos equipamentos, fazendo com que os sistemas operacionais dos objetos atuem em rede e favoreçam a experiência do usuário.

É o caso clássico da conexão entre carro e smartphone, que é comum hoje em dia. Mas essa conexão deve se expandir para outros objetos.

Depois de consolidada a internet das coisas nos equipamentos, o setor automotivo verá a ampliação da oferta de produtos, fornecedores, serviços e soluções tecnológicas. É um novo cenário que se desenha, com modificações das preferências de consumo com base na percepção sobre as funcionalidades desejáveis nos veículos.

a) Velocidade de conexão no carro do futuro

Os desdobramentos da internet das coisas não se limitam integração dos smartphones aos carros. A expectativa é que os veículos contem com alta velocidade de conexão à internet para executar ações com mais autonomia, como fazer downloads para efetuar pequenos reparos, por exemplo.

Outra previsão é que atividades como baixar músicas e vídeos tornem-se instantâneas. Nesse sentido, empresas tradicionais no segmento dos celulares, gradativamente devem aumentar sua atuação no mercado automotivo, em busca de oferecer uma melhor experiência de navegação ao usuário no interior dos veículos.

No contexto da realidade brasileira, o indivíduo já pode tirar uma foto do painel e utilizar um app para entender um alerta emitido pelo veículo. Trata-se de uma ação que facilita a identificação de problemas.

b) Internet das coisas e inteligência artificial

Maior velocidade de conexão e sistemas integrados acabam abrindo caminho para a inteligência artificial. O impacto dela na indústria automotiva fica evidente, por exemplo, na proposta de dar suporte para as decisões do motorista e também na oferta de mais entretenimento para o ambiente interno do automóvel.

A criação de sistemas de monitoramento do indivíduo é um fator interessante, pois permite alertar se o condutor tem ou não condições de dirigir.

Mas o assunto em alta dentro desse tema é, sem dúvida, o carro autônomo. A inteligência artificial é plano de fundo para esses veículos sem motorista, pois permite antecipar movimentos, impedir o cruzamento de trajetórias e inibir acidentes.

Grandes empresas estão empenhadas em aprimorar essa tecnologia, porém o consenso atual é de que as melhorias que vão trazer segurança e adesão em larga escala ainda demorarão a chegar às ruas.

carro do futuro do setor automotivo

4. Realidade virtual

A sensação de realidade trazida pela tecnologia é o ponto principal dessa tendência. Nos carros, a realidade virtual manifesta-se na utilização de telas de toque para controlar funções diversas do veículo.

Com o recurso da realidade aumentada, a sensação de toque mesmo sem óculos especiais tem tudo para ser a nova dinâmica de controle das cabines dos automóveis.

Na verdade, as imagens projetadas na parte interna do para-brisas são um recurso já existente em alguns carros recentemente fabricados. A expectativa é que o modelo padrão de exibição em display seja totalmente substituído pelo recurso da realidade aumentada, permitindo a projeção das informações no vidro interno ou em qualquer superfície do painel.

Para receber a tecnologia da realidade aumentada, as cabines dos carros devem ser recriadas e se tornarem compatíveis ao recurso.

Conclusão

Não podemos perder de vista que as tendências enumeradas aqui vão impactar o consumo de veículos em esferas variadas. A condução, a fabricação, a venda e a pós-venda de um carro sofrerão profundas transformações.

Um motorista, por exemplo, terá que decidir como pretende utilizar um veículo, quais ferramentas tecnológicas seriam mais convenientes para esse uso, considerando o seu perfil e sua visão de mundo.

As concessionárias, por sua vez, devem adaptar o quanto antes os seus processos de venda e de atendimento ao cliente ao cenário que se impõe, sabendo que será impossível abrir mão de uma atuação ativa e eficiente na internet. Afinal, tudo indica um futuro próximo de vendas de veículos 100% on-line e a realidade presente das lojas, em alguns países, já é do comércio virtual de peças e serviços.

A indústria de automóveis e as grandes marcas terão de concentrar esforços nas alternativas oferecidas pelos avanços tecnológicos, mas não sem antes compreender atentamente as exigências dos usuários e compradores contemporâneos.

Por isso, se você pode conhecer ainda melhor as demandas da chegada do carro do futuro, não perca essa oportunidade. Baixe agora o eBook A Era da Mobilidade: tudo sobre o futuro da indústria automotiva e não perca detalhe algum.

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Fonte: Este artigo é fruto de reflexões da AutoForce com base em estudos divulgados pela World Shopper 2025 Automotive.

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Sobre o Autor

Tiago Fernandes
Tiago Fernandes

Administrador, sócio-fundador e CEO da AutoForce.

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