Décadas atrás, a ideia de carros voadores fazendo parte do cenário de uma grande metrópole era algo que pertencia aos filmes futuristas de ficção científica, como Blade Runner ou De Volta para o Futuro. Essa representação na cultura pop criou a expectativa de que, em algum momento perto da virada do milênio, nós já teríamos acesso a essa tecnologia.

No entanto, à medida que o tempo foi passando, os estudos de mobilidade urbana se concentraram em construir alternativas ao carro, e não exatamente em “dar-lhe” asas. As expectativas de carros voadores diminuíram drasticamente, ao ponto em que a ideia soa somente como fantasia da ficção científica do passado.

Mas e se num futuro breve já tivermos a tecnologia suficiente para ver veículos aéreos nos céus das grandes cidades? O consumidor está preparado para isto? É isso o que discutimos hoje em mais um post da série sobre o futuro das concessionárias.

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Carros voadores são possíveis?

Para você ter ideia do que estamos falando, em abril de 2018, a Uber anunciou uma lista de países que estão sendo considerados para serem laboratórios de um serviço de “táxi aéreo”. Brasil, Japão, Austrália, França e Índia estão na lista. O Brasil foi considerado um mercado potencial por já hospedar, em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, um intenso tráfego de helicópteros.

A Uber Air, como o serviço é chamado, quer lançar as demonstrações já em 2020, e fixar operações até 2023. A companhia também afirma que pretende experimentar como o serviço pode funcionar por meio de drones para a realização de delivery, que hoje é concentrada na Uber Eats.

O próprio CEO da Uber deu um prazo máximo de dez anos para o serviço começar a funcionar.

De acordo com especialistas ouvidos pela The Verge, a tecnologia que permitiria o serviço de táxi aéreo da Uber ainda é recente e tem muito a ser aprofundado. A ambição também esbarra em muitas questões legais sobre a utilização do espaço aéreo, que variam de país para país e tendem a ser fortemente reguladas.

Mas o fato é que a companhia já está investindo na criação de veículos leves elétricos que possam realizar o que se chama de VTOL (vertical takeoff and landing, ou decolagem e pouso verticais) em grandes cidades. Você pode ver mais nesse vídeo de divulgação da própria Uber:

E não é só a Uber. Ainda de acordo com matéria da The Verge, existem pelo menos outras 19 companhias desenvolvendo planos semelhantes. Entre elas, a startup iniciada pelo co-fundador da Google, Larry Page, chamada Kitty Hawk.

A intenção é tornar a ficção científica uma realidade, reduzindo o tráfego nas grandes cidades, aumentando produtividade e ainda ajudando o meio ambiente ao reduzir a poluição por meio de uso de veículos elétricos. Isso melhora a qualidade de vida e torna as cidades mais funcionais.


Esta será uma das grandes questões essenciais do futuro. Como tornar as cidades mais sustentáveis e funcionais, uma vez que a estimativa é de que 66% da população mundial viva em centros urbanos até 2050, de acordo com relatório da ONU. E o investimento em tecnologias inovadoras sobre como melhorar a qualidade de vida nas cidades, incluindo tráfego aéreo e mobilidade, promete estar no centro das prioridades dos poderes público e privado.

Por exemplo, o governo do Japão já declarou que utilizará os “carros voadores” para resolver o problema de transporte do país.

Quanto à redução de danos ambientais, podemos citar exemplo do Vahana, o veículo testado pela Kitty Hawk. O Vahana possui propulsão elétrica mais barata do que os helicópteros a gás, permitindo preços mais em conta para os passageiros e menos emissão de poluentes. Além disso, o veículo possui diversos rotores que aumentam a segurança e reduzem o ruído. O Vahana, atualmente, é 20 decibéis mais silencioso do que um helicóptero e, o mais importante, não precisa de um piloto treinado.

Ou seja, os carros voadores são, sim, uma realidade próxima. Existe dinheiro e investimento em tecnologia o suficiente para fazer a ideia dar certo. A questão é que o entrave para o desenvolvimento desse novo meio de transporte pode não ser uma barreira tecnológica, mas sim psicológica.

O mercado está pronto para os carros voadores?

De acordo com estudo da Deloitte, a maioria dos consumidores ainda é cética quanto à ideia de veículos autônomos pairando pelos céus.

Na pesquisa, os entrevistados na Europa, Oceania, América do Norte e Sudeste da Ásia de fato veem os carros voadores como úteis se parte da mobilidade urbana estiver localizada no tráfego aéreo e não-poluente. A questão é que não há confiança na segurança de tal dispositivo.

A impressão geral é de que a ideia é boa e possível, mas potencialmente perigosa. Não é qualquer um que vai se dispor a enfrentar um tráfego aéreo em escala urbana, ainda mais quando falamos de veículos autônomos. Mesmo que isso signifique a solução para o congestionamento massacrante das grandes metrópoles.

80% dos entrevistados na pesquisa acreditam que os carros voadores não serão seguros.

Future of Mobility – Deloitte Insights

No entanto, é preciso lembrar que a indústria da aviação passou por desconfiança semelhante quando estava se desenvolvendo. E, hoje, a aviação é considerada um dos modos mais seguros de transporte, com uma taxa de acidentes fatais de apenas um a cada 16 milhões de voos comerciais. A maioria destes acidentes foram causados durante a decolagem ou pouso, quando ocorre a maior parte da intervenção humana.

A verdade é que, no geral, quanto menor for a intervenção humana, menores são as chances de problemas com a segurança.

Mas,  então, como aumentar a confiança do consumidor neste futuro do mobilidade?

Deve-se focar em mudar a percepção de segurança e utilidade entre os potenciais consumidores desse tipo de veículo. É preciso entender que essa mudança na percepção de segurança só ocorrerá no médio e longo prazo e com a gradual confirmação de que a tecnologia é realmente segura e facilitadora. Além disso, o setor automotivo tem uma grande chance de mudar essa percepção com a entrada das gerações Y e Z no mercado, as quais são potencialmente mais abertas às mudanças.

carros voadores drones setor automotivo
Há 10 anos, ninguém acreditaria nos drones. O que impede os carros voadores?

Conclusões

Afinal, o que há de concreto nessa empreitada dos carros voadores?

O que podemos concluir é que este é um futuro plenamente possível. Já existe um volume de investimento grande em aprimorar a tecnologia e muita vontade das companhias que lucrariam com os serviços decorrentes de veículos aéreos nas cidades.

Além da vontade dessas grandes companhias, existe um ganho ambiental e de mobilidade com a chegada dessa tecnologia. Afinal, estamos lidando com veículos aéreos, menos poluentes e com desafogamento do trânsito. Isso pode trazer o poder público e regulamentador para o lado dos carros voadores.

O maior desafio mesmo é superar a desconfiança dos consumidores finais e a sociedade como um todo. Mas isso só será atingido por meio de uma compreensão gradual de que a tecnologia funciona e que tem muito a contribuir para um melhor, mais funcional e sustentável funcionamento da sociedade.

E você, acha loucura a existência dos carros voadores? Estaria pronto para comercializá-lo na sua concessionária? Compartilhe sua opinião com a gente nos comentários!

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Sobre o Autor

Tiago Fernandes
Tiago Fernandes

Administrador, sócio-fundador e CEO da AutoForce.

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