Com o consumidor cada vez mais informado e exigente, vender um carro exige muito mais que qualidade de produto. É preciso fisgar a mente do cliente. Para isso, vendedores podem adotar técnicas do neuromarketing, como os gatilhos mentais.

Gatilhos mentais são atalhos que o nosso cérebro toma para burlar o bloqueio racional do neocórtex — a área dedicada à lógica e ao comportamento social — e ativar reações emocionais automáticas (mais primitivas).

Os brasileiros passam, em média, 127 dias pesquisando antes de comprar um carro, e 60% do tempo de pesquisa é gasto online. Ou seja, a maioria dos consumidores chega à concessionária praticamente decidida.

Nesse panorama, o consultor de vendas não tem muito o que fazer, certo? Errado!

De acordo com a pesquisa TNS Research – Auto CB 2016 – Brazil, produzida pelo Google e apresentada durante a Fenabrave 2017, 30% dos consumidores compram um modelo diferente do que estavam pesquisando. Mas por que isso acontece?

Existe uma diferença segura entre os que as pessoas dizem fazer e o que elas realmente fazem, e isso é visível no comportamento de consumo.

Quem provou isso foi o Neuromarketing, com a ajuda do Branding Expert Martin Lindstrom, autor de “A lógica do consumo”, uma pesquisa milionária sobre como o cérebro das pessoas responde (ou não) aos estímulos da propaganda.

O neuromarketing é a chave para abrir o que chamo de nossa “lógica do consumo — os pensamentos, sentimentos e desejos subconscientes que impulsionam as decisões de compra que tomamos em todos os dias de nossas vidas.

Continue lendo! Neste artigo, você vai aprender mais sobre:

  • O que são gatilhos mentais
  • Como usar gatilhos mentais durante as vendas
  • Gatilho mental da Escassez
  • Gatilho mental da Urgência
  • Gatilho mental da Reciprocidade
  • Gatilho mental da Prova Social
  • Gatilho mental da Dúvida
  • Gatilho mental da Antecipação
  • Gatilho mental da Referência

gatilhos mentais

Gatilhos Mentais

O neuromarketing defende que compreender os desejos, necessidades, expectativas e quais emoções dirigem essas expectativas é a chave para persuadir e vender mais.

Vender não é mais sobre o que você faz com o seu produto, mas com o que faz com a mente do seu potencial cliente.

Uma das formas para desvendar o seu cliente é entender como os gatilhos mentais influenciam no consumo.

Para o neuromarketing, a decisão de compra é tomada no nível emocional. Assim, é preciso alcançar as emoções para vender, e depois ajudar o cliente a justificar a sua decisão de compra.

Se você cativa esse cliente no nível emocional, também captura a sua lealdade.

Logo, o papel do consultor de vendas é ainda mais importante, pois ele é responsável por encantar o cliente, utilizando os gatilhos para persuadir.

Nesse artigo, vou te ensinar 7 gatilhos mentais para que você aumente seu poder de influência e persuasão durante o processo de vendas na concessionária.

1. Escassez – Tive que perder para dar valor

gatilho mental escassez

É comum alguém dizer que teve que perder algo para dar valor. Isso é muito comum nos relacionamentos afetivos, mas essa mesma lógica vale para os negócios.

As pessoas costumam dar mais valor ao que é escasso.

Isso porque elas costumam associar que, quanto mais difícil for conseguir um objeto de desejo, mais raro e valioso ele é.

O gatilho mental da escassez é utilizado por sites de vendas, como o da gigante Amazon, que sinaliza ao visitante as quantidades restantes de um produto em estoque.

Em vez de tratar o baixo estoque de produtos como algo negativo, a empresa percebeu que colocar as pequenas quantidades restantes de um produto aumentaram as vendas. Esse é um dos gatilhos mentais mais poderosos — desde que utilizado com integridade.

Assim, frases como “restam poucas unidades” e “oferta válida para última unidade”, apesar de já terem sido muito utilizadas pelo varejo, não perderam valor durante uma negociação.

2. Urgência – É agora ou nunca!

senso de urgência

Esse é um gatilho mental muito parecido com o da escassez, mas está ligado ao fator tempo. O produto ou serviço tem um prazo limite para ser adquirido.

É poderoso porque estimula as pessoas a tomarem decisões rápidas ou, caso contrário, ficarão sem aquele produto ou serviço.

Como odiamos nos sentir impotentes, agimos o mais rápido possível. Afinal de contas, adquirir um produto e se arrepender é menos pior do que viver com a dúvida sobre a diferença que aquele produto faria na sua vida.

Quem utiliza? O e-commerce em geral, que expõem ofertas com tempo limitado. Nada impede que, durante a negociação, você comente com o cliente que aquela oferta é temporária.

3. Reciprocidade – Você me ajuda e eu te darei o que você quiser!

gatilho mental reciprocidade

Esse é um dos gatilhos mentais mais importantes para quem trabalha com vendas e é um dos mais utilizados no Inbound Marketing.

Isso porque as pessoas estão mais propensas a fechar negócios quando são impactadas positivamente e de surpresa.

Um exemplo clássico para aumento de vendas de produtos em supermercados é a utilização de promotores de vendas.

Você já percebeu que quando um promotor de vendas oferece um produto para que você experimente, dificilmente você deixa de levar o produto para casa?

4. Prova Social – Diga-me com quem andas…

gatilho mental prova social

Temos a necessidade de pertencer a grupos que nos identificam como indivíduos.  Dessa forma, a prova social é um gatilho mental muito poderoso.

Veja um exemplo do cotidiano: Se você tivesse que escolher entre dois restaurantes, um que estivesse bem cheio e com fila de espera e outro do lado totalmente vazio, qual escolheria?

Por mais que as pessoas não gostem de esperar, elas preferem não se decepcionar. Logo pensamos: se o restaurante está cheio é porque é bom!

Quanto mais pessoas optam por uma determinada opção, mais somos influenciados a tomar a mesma atitude, seja com moda, alimentação etc.

Esta é uma tendência em crescimento no Marketing Digital, principalmente com a ascensão dos influenciadores digitais.

5. Por que? – Não são as respostas que movem o mundo, mas as perguntas bem feitas

gatilho pergunta

Por mais que nossas decisões sejam tomadas no âmbito do inconsciente, a mente sempre procura respostas racionais para justificar essas ações.

Mesmo em situações sem justificativa nosso cérebro vai buscar algum significado.

Veja o caso do experimento da xerox, quando uma pessoa pede para passar a frente na fila.

Os testes examinaram como diferentes solicitações podem afetar a disposição das pessoas em permitir que esse indivíduo fure ou não a fila.

No primeiro teste, o participante diz: “Desculpa, tenho cinco páginas. Posso usar a máquina de xerox?” Nesse cenário, cerca de 60% das pessoas permitiram que ele furasse a fila e utilizasse a máquina antes dela.

Na segunda situação, a solicitação foi ligeiramente alterada. Dessa vez o participante disse: “Tenho cinco páginas, posso usar a máquina de xerox porque estou com pressa?”

Você percebeu a diferença sutil entre os dois pedidos? Neste cenário, 94% das pessoas deixaram que ele furasse a fila. E se você acha estranho, veja a última solicitação.

Na terceira situação, o texto foi alterado mais uma vez. Agora o participante disse: “Desculpe-me, tenho cinco páginas. Posso utilizar a máquina de xerox porque tenho que fazer cópias?”

Essa é uma justificativa insuficiente para furar a fila, pois todos que estavam ali queriam tirar cópias. Apesar disso, 93% das pessoas permitiram que ele passasse na frente.

Resumindo este gatilho mental: quanto mais verdadeiro e genuíno forem seus argumentos, maiores serão as chances das pessoas confiarem em você.

Assim, seja no showroom ou no encantamento de leads, ser verdadeiro é a melhor opção para quem deseja vender e ganhar a lealdade do cliente.

6. Antecipação – “A melhor forma de prever o futuro é criá-lo” (Alan Kay)

gatilho mental futuro

Quando você vai ao cinema e assiste a um trailer empolgante e que mexe com suas emoções, você fica ansioso para a estreia do filme.

Esse é o gatilho mental da antecipação, sem dúvida muito poderoso, pois mexe com nossas expectativas com relação ao futuro.

Algumas pesquisas indicam que projetar o futuro e apresentá-lo às pessoas ativa a parte do cérebro ligada à felicidade, provavelmente porque o futuro é incerto e nos sentimos confortáveis com boas perspectivas.

O gatilho mental de novidade está ligado ao de antecipação, pois ambos trabalham com relação ao desconhecido.

Quanto mais novidades e valor você gerar, maior a sua atratividade com relação ao cliente. As palavras “novo” e “novidade” também acionam o gatilho mental de urgência.

Esta já é uma estratégia muito utilizada pelo setor automotivo. Ficou mais evidente com os esforços de marketing das marcas tradicionais para se posicionarem como o futuro do segmento.

Alguns exemplos são Mercedes, Jaguar Land Rover e Renault, que se posicionaram como futuristas e tecnológicas, estimulando o público a pensar sobre os carros do futuro.

Em relação às vendas, é importante arquitetar uma estratégia, preparando os clientes para o que estar por vir.

7. Referência – Uma decisão não tem parâmetros absolutos

gatilho mental referência

Geralmente nos baseamos em algum parâmetro já estabelecido para tomar uma decisão. Isso acontece porque é comum nos concentrarmos na vantagem relativa das coisas.

Por exemplo: Quando você era criança, fazia uma prova no colégio e tirava 7, isso era bom ou ruim?

Depende. Se a média da turma foi 5, então com 7 você foi muito bem. Mas se a maioria tirou 9 ou 10, então você foi mal, mesmo que 7 seja uma nota razoável.

É por isso que o gatilho mental da referência funciona, pois grande parte das nossas decisões são tomadas com base nas referências que temos.

Com relação a produtos ou serviços, analisamos a concorrência  antes de tomar uma decisão, seja com relação ao preço, qualidade ou o custo-benefício. Escolhemos com base no Princípio do Contraste.

O princípio do contraste diz para mostrar primeiro o produto mais caro e depois o mais barato, pois isso fará com que os produtos mais caros não pareçam tão salgados em comparação.

Resumindo…

Vender é um mundo dominado pela informação é um desafio diário, principalmente para quem trabalha com produtos de alto custo, como carros.

Para persuadir o cliente, é preciso seus desejos, necessidades e expectativas, cativando-o emocionalmente, e uma das vias para alcançar isso é o neuromarketing.

Mas lembre-se: adotar estratégias de persuasão não quer dizer manipular o cliente ou trabalhar com informações inverídicas.

Mais forte do que qualquer técnica é a experiência e o valor que você entregará ao seu cliente.

Este artigo ajudou você? Compartilhe com sua equipe de vendas! Quem sabe isso não trará boas surpresas no desempenho ao final do mês?

Sobre o Autor

Tiago Fernandes
Tiago Fernandes

Administrador, sócio-fundador e CEO da AutoForce.

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