Este post não tem a intenção de ser definitivo. Os dados elencados aqui se referem aos impactos do COVID-19 registrados até a primeira semana de abril de 2020. Outros dados poderão ser incluídos neste conteúdo semanalmente.
Em março deste ano, a confiança do consumidor brasileiro recuou 7,6 pontos em comparação ao mês anterior, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com isso, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) alcançou 80,2 pontos, chegando ao menor patamar desde janeiro de 2017 e acumulando uma perda de 11,4 pontos nos primeiros três meses de 2020.
Esses números já refletem o aumento de incertezas gerado pela queda dos preços do petróleo e pelo avanço da Covid-19 no Brasil, que contribuíram para um maior pessimismo em relação ao futuro da economia.
O Índice de Confiança do Consumidor é uma série de dados e indicadores calculados pelos institutos de economia que medem a disposição do consumidor em comprar e demandar bens e serviços no mercado em um período futuro.
A forte queda foi decorrente da revisão de expectativas de consumo dos brasileiros, que se mostram preocupados com o rumo dos empregos e das fontes de renda nos próximos meses. Com o comércio parado em muitos estados, boa parte dos consumidores têm reduzido as compras aos itens essenciais e adiado a aquisição de bens de alto custo, como viagens, veículos e imóveis. Alguns estudos já comprovam essa mudança.
Uma pesquisa do Opinion Box, baseada em dados coletados entre 1 e 3 de abril deste ano, mostra que já está havendo um aumento significativo no desemprego: 26% dos entrevistados afirmaram estar sem trabalhar na semana da pesquisa. Na primeira onda da Covid-19, esse índice era de 23%. Antes da pandemia, era de 19%.
Além disso, 6 em cada 10 brasileiros acreditam que sua renda irá diminuir durante a pandemia e metade prevê um aumento de gastos. Por isso, 58% dos respondentes já deixaram de comprar itens não essenciais e 25% pretendem fazer isso para economizar.
Os dados também apontam uma forte tendência de renegociação de contratos e o risco de aumento da inadimplência por conta da pandemia. De acordo com 21% já renegociaram alguns custos fixos, como aluguel, telefonia e internet, e 39% pretendem fazê-lo. Preocupa saber que 26% já deixaram de pagar uma conta ou dívida neste período, e 25% pretendem fazê-lo.
Vale à pena ressaltar que esse não é um cenário apenas local. Recentemente, os Estados Unidos também divulgaram a queda brusca na confiança dos consumidores americanos, principalmente no presente, saindo de 102 pontos antes da Covid-19 para 72 pontos durante a pandemia.
Mas como todos esses dados sobre a confiança do consumidor impactam o varejo automotivo? É possível contornar essa situação e continuar vendendo automóveis, mesmo durante a crise? Continue lendo para descobrir!
Qual a influência da confiança do consumidor na venda de veículos?
Houve um recuo na venda de carros (automóveis e comerciais leves) nas últimas semanas: saímos de uma média de 9,2 mil veículos emplacados por dia para cerca de 1,2 mil emplacamentos diários nas últimas semanas de março, segundo o economista Raphael Galante.
O avanço da pandemia do coronavírus já prejudica fortemente a indústria automotiva, segundo dados divulgados pela Anfavea, associação dos fabricantes de veículos. Na segunda quinzena de março as vendas recuaram 90% devido ao fechamento de concessionárias, revendas e lojas de veículos por todo país. A medida adotada por todos os estados da federação tem caráter preventivo para conter a pandemia.
A associação também destacou que as vendas de caminhões, ônibus e máquinas agrícolas continuam em alta devido ao período de colheitas. A produção e comercialização desses veículos é considerada essencial. Na comparação com o mês anterior, as vendas avançaram 46%, as exportações 19% e a produção 15%.
Também temos 65 unidades de produção de veículos paralisadas em todo o país, o que resultará em forte queda na fabricação neste ano.
Além do fechamento do comércio, muitos consumidores apostaram em colocar o pé no freio com qualquer compra que saia do espectro do “essencial”. Por isso, também, a redução nas vendas de veículos.
O que dizem os representantes das entidades?
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, revelou que a entidade tem solicitado ao governo federal medidas que possam ajudar o setor a transpor as dificuldades geradas pela pandemia da Covid-19.
Em entrevista ao blog AutoIndústria, Moraes fala que as montadoras defendem a reabertura total das milhares de concessionárias de automóveis, veículos comerciais e máquinas agrícolas e de construção espalhadas por todo o Brasil.
“Sabemos que a prioridade é a saúde da população, mas, a continuar como está, cerca de 20% dos empregos do nosso setor podem ser comprometidos, pois os concessionários, que têm despesas fixas, estão sem receita”
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea
A Oica, entidade que representa globalmente as montadoras, afirma que o cenário de pandemia e seus reflexos na produção e na venda de veículos pode gerar a pior crise da história da indústria automobilística.
No entanto, a entidade divulga sua crença na indústria automotiva mundial e dá ênfase de que este, como já fez outras vezes no passado, “irá provar sua importância, força e resiliência”.
“As várias associações nacionais das indústrias de veículos automotores estão envolvidas de perto com seus respectivos governos e parceiros, num diálogo construtivo com o objetivo de suavizar o impacto desta crise e assegurar a rápida recuperação do setor, que contribui de forma importante para a economia e o bem-estar mundial”
Fui Binfeng, presidente da Oica
Como meu negócio pode reconquistar a confiança do consumidor?
É inegável que o setor automotivo sofreu um baque com a chegada da crise do coronavírus. Esta veio de forma inesperada e nem mesmo os mais conservadores investidores estavam preparados.
Agora é a hora de mantermos a calma no momento, pois é o que esse cenário nos exige. Precisamos tomar decisões bem estruturadas e que, a médio e longo prazo, tragam um retorno positivo ao nosso setor.
Nesse momento, em que devemos prestar atenção?
A resposta para essa pergunta é simples: nos hábitos de consumo das pessoas. Não se desespere, entendemos que a situação é delicada. Tudo voltará ao normal em breve, só que com algumas alterações.
Até na Segunda Guerra Mundial, que foi um dos mais terríveis eventos da história, catastrófico e letal, houveram consequências para os hábitos de consumo.
Foi durante a Segunda Guerra que surgiram gadgets como o GPS e afins. Além de que, como os Estados Unidos buscavam um meio de comunicação e de armazenamento de dados que fosse descentralizado, isto é, que continuasse funcionando mesmo que parte dele tivesse sido bombardeada, fundou a ARPA, agência militar especialmente desenvolvida para a criação desse projeto, financiou estudos e pesquisas acadêmicas que pudessem levar à criação da ARPANET, como era chamada a internet naquela época.
Especialistas já preveem um impacto nessa mesma direção após a crise da Covid-19.
Um exemplo disso é que o avanço do coronavírus fez com que a compra pela internet disparasse nas últimas semanas no Brasil. Segundo dados do Compre e Confie, empresa de inteligência de mercado focada em e-commerce, a alta das vendas online foi de 40% nos primeiros 15 dias de março.
“A tendência é que o cenário continue dessa forma, com consumidores mais engajados nas compras à distância e movimentando o consumo de categorias relacionadas às necessidades básicas do dia a dia e de prevenção da Covid-19”
André Dias, diretor executivo do Compre&Confie e coordenador do Comitê de Métricas da camara-e.net
Conclusão
Por que é tão importante estar ligado na confiança do consumidor? Porque eles, os consumidores, nesse momento, estão buscando investir somente no que é essencial. Não há problema nisso, pois o grande segredo do marketing é fazer algo tornar-se essencial, criando uma necessidade no seu cliente pelo produto ou serviço. É necessário tornar-se must have, pois em tempos de guerra você tem que ter um produto que as pessoas precisam.
Lembre-se que o setor automotivo tem uma carta na manga que é super válida, pois é um fato: a da mobilidade. Concessionárias, oficinas e mesmo as fabricantes fazem parte de uma cadeia que alimenta um serviço essencial, ainda mais necessário nesse momento de crise.
O que você realmente precisa fazer é mergulhar nos hábitos de consumo do seu cliente. Esteja onde ele está, seja o que ele mais precisa no momento: um ponto de confiança.
Vá atrás do seu cliente. As vendas realmente terão um impacto nesse período, isso está claro. Porém, quando a crise passar, todas as suas ações enquanto ela esteve vigente, terão consequências. Sabendo disso, você tem a oportunidade de crescer na sua rede, mostrar seu diferencial e se destacar frente aos concorrentes.
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